DUARTE, Luisa. Imagined Communities, 21st Contemporary Art Biennial Sesc_Videobrasil, São Paulo, 2019.
Without insinuating any rash political stance on the artist’s part, but situating his work within its historical moment, a still taken from footage of Luiz Inácio Lula da Silva and Dilma Rousseff at the former president’s farewell speech prior to his arrest is the focus of André Griffo’s O golpe, a prisão e outras manobras incompatíveis com a democracia [The coup, prison, and other maneuvers incompatible with democracy]. Since the media-endorsed congressional coup of 2016, we have seen our hard-won democracy—which we’d come to think of as unassailable—creek and crack under the strain. It was a coup that not only ousted Dilma Rousseff from power but put Lula in jail at breakneck processual speed, just in time to prevent the man the artist calls the “country’s greatest political leader” from running for election in 2018.
Griffo graduated in architecture and urbanism but has worked exclusively in the visual arts since2009. His research is related to the ruptures and constancies in Brazil’s historical formation, operating as a witness to the immutability of many of the country’s problems. The scenes that comprise Percorrer tempos e ver as mesmas coisas [Seeing the same things as times elapse] and Uma cor para cada erro cometido [A color for every mistake made] are built around references to the colonial period lifted from photographs, paintings, drawings, and architecture. The characters in these images—the patriarch, the wife, the children, the enslaved, the bastard son, the representatives of the Church and the politicians—suggest narratives that not only lay bare the social formation of a colonial Brazil powered by slave labor but also inspire reflection on the perverse inequalities of the present.
Luisa Duarte
Sem insinuar um apressado posicionamento político do artista, mas situando o trabalho em seu tempo histórico, a reprodução da imagem de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff no último discurso do ex-presidente antes de sua prisão é objeto central em O golpe, a prisão e outras manobras incompatíveis com a democracia, de André Griffo. Desde o golpe parlamentar e midiático ocorrido no Brasil em 2016, vemos ruir uma democracia tão duramente conquistada em outros tempos e que já nos parecia um bem irrevogável. Um golpe que não só retirou Dilma Rousseff da presidência do país como teve seu auge na prisão de Lula, articulada com extrema velocidade para que “o maior líder político existente no país”, nas palavras do artista, não pudesse disputar as eleições de 2018.
Griffo é formado em arquitetura e urbanismo, mas desde 2009 vem se dedicando exclusivamente às artes visuais. Sua pesquisa relaciona-se às rupturas e permanências na formação histórica brasileira, operando como testemunho da imutabilidade de muitos de nossos problemas. As cenas que compõem as pinturas Percorrer tempos e ver as mesmas coisas e Uma cor para cada erro cometido são construídas a partir de referências ao período colonial, encontradas em fotografias, pinturas, desenhos e também na arquitetura. Os personagens dessas imagens – o patriarca, a esposa, os filhos, os escravizados, o filho bastardo, os representantes da Igreja e os políticos – sugerem narrativas que não só expõem a formação social de um Brasil colonial e escravocrata, em algum lugar do passado, mas também inspiram reflexões sobre as desigualdades perversas de nosso presente.